MARTA

MARTA
O ADEUS PRECOCE DA MINHA ESTRELA MAIOR

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

AS TUAS COISAS...

Massamá, 2 de Junho de 1995           (1h 20m)
Minha Querida Marta
Como foste sempre tão meiga e amiga de partilhar o imenso amor que tinhas dentro de ti!...
Tenho estado a ver os desenhos e as cartinhas que nos escrevias a mim e ao pai, quando eras pequenina. Desenhos cheios de ternura e que lembram a menina meiga e boa que tu eras e sempre foste.
Como não me apercebi quando nasceste, de que serias uma menina especial e que estarias tão pouco tempo  (apenas 21 anos! ) comigo? Porque não descobri que deveria ter-te acarinhado, amado e dado mais atenção em todos os momentos da tua vida? já que esta foi tão curta?
Lembro-me das longas conversas que tínhamos quando começaste a tua adolescência. Todas as noites, tu tinhas dúvidas, estavas triste, sentias-te perdida, desencontrada, dividida ... então eu procurava pôr as ideias mais organizadas na tua cabeça. Eu conversava muito contigo e tu ouvias, porque sempre soubeste ouvir!... Quantas e quantas noites, não me fui deitar já bastante tarde e muito cansada, porque os teus " problemas" de adolescente não tinham fim.
Hoje, que sei que nunca mais poderei falar contigo, revolto-me e fico irritada comigo por não te ter dado ainda uma maior atenção e mais carinho.  Tu sempre foste tão boa e meiga!... adoravas o pai, a mãe e a Rita ... éramos para ti, os seres mais importantes que te rodeavam ... Eu não podia adivinhar que seria tão passageira a tua vida aqui na Terra.
Amanhã, vou arrumar os teus cadernos, e outros materiais que trouxemos de Beja. Vamos guardar tudo na arrecadação, para que não se estraguem.
Os teus livros estão na tua estante do escritório, e ainda não tive coragem de lhes mexer. Como tu estimavas as tuas coisas! Como tratavas todas as tuas coisas pessoais com carinho e amor!... Os objectos mais insignificantes tinham para ti o mesmo valor de uma coisa importante... Amanhã vamos arrumar tudo, de modo a podermos vê-los quando nos apetecer…para vermos como tu, Marta eras tão organizada, tão trabalhadora e muito cumpridora das tuas obrigações.
Apetece-me chorar alto. O pai dorme a meu lado e eu queria chorar, chorar para aliviar esta dor imensa que me oprime. Como é possível ter-nos acontecido isto a nós? A ti, minha querida filha, tão boa, tão meiga, tão amorosa. Como eu tenho saudades tuas!... Como eu estou revoltada com esta vida horrível que me estava destinada!...
Até amanhã.
Muitos beijos da mãe  Zuzu

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