MARTA

MARTA
O ADEUS PRECOCE DA MINHA ESTRELA MAIOR

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

EXCERTOS DAS " MINHAS CARTAS" PARA A MARTA



Minha querida Marta
Massamá, 15/6/1995   (2h 20m da madrugada)

(...)  A Rita veio passar uns dias connosco. (...) . Como eu sinto a tua falta nestes serões a 3!... faltas tu, com a tua presença a conversar das tuas coisas, a falares dos teus amigos, do teu dia-a-dia.
 Há quanto tempo tu não estavas connosco! O Paulo "roubou-te" e "levou-te" para sempre.
 Como sinto falta da tua presença no sofá, lado a lado com a Rita, com as pernas esticadas nos "pufos" ou encostada ao braço do sofá, olhando a televisão!
Para ti tudo acabou! Para nós, vai continuando o dia-a-dia, numa existência " parda", sem vontade de viver, mas sem dizermos uns aos outros que temos muitas saudades de ti, que os dias sem a tua presença são muito tristes e que não são os passeios à beira-mar que nos fazem felizes ou descontraídos. Pelo contrário, sentimos, pelo menos eu sinto, que a tua presença física nos faz imensa falta, o teu sorriso meigo, a tua maneira de falares connosco, a tua maneira boa de estares com todos nós. Porque não aproveitámos mais a companhia de nós os quatro? Ah, se nós soubéssemos as partidas que o destino nos prega! Como tudo teria sido diferente!...
                                           (...)
Mil Beijos da mãe
Zuzu

EXCERTOS DAS "MINHAS CARTAS" PARA A MARTA


Massamá,6 de Junho de 1995     (2h 56m da madrugada)
Minha querida Marta
Só agora te estou a escrever, pois estive a escrever a duas amigas minhas.
Uma é a Rosa Maria, minha colega e amiga de adolescência., que desde há 25 anos não nos tínhamos escrito nem voltado a comunicar. Foi preciso acontecer esta tragédia para que a nossa amizade se reatasse. (...) . É bom sabermos que os amigos estão connosco nestas horas difíceis.
A outra amiga, é a Beatriz, a mãe da Leonor, que te foi fazer companhia há um mês; será que vocês estão no Paraíso e se encontraram? Também ela era boa, meiga, simpática para todos e também ela encontrou a morte da maneira mais horrorosa e brutal!...
Será verdade que a tua alma está viva? Que tu estás no Paraíso?
Não, eu  não acredito, tu estás a viver através de mim, dentro de mim, respiras por mim e vês o mundo comigo, pois tu estás presente em mim desde que partiste. Tu dás comigo as minhas aulas, tu ajudas-me a enfrentar os momentos difíceis que eu tenho, por isso tu estás sempre presente.
Hoje o dia correu-me bem, fui para as aulas sem vontade nenhuma, mas depois de lá estar, senti-me melhor  e o dia correu dentro da normalidade.(...)
De manhã, não tenho nunca vontade de acordar nem de me levantar. É com um esforço enorme que me levanto e me preparo para ir para as aulas. Penso tantas vezes em ti, que nunca tinhas preguiça para te levantares, que estavas sempre pronta às sete horas da manhã para ires apanhar o comboio que te levava para as tuas aulas, na Escola da Paiã! e afinal tanto sacrifício para quê?
Tudo acabou tão rapidamente para ti, meu amor, minha pequenina...
Vou tentar dormir, não tenho sono, mas amanhã tenho que ir para a escola mais cedo.
Muitos beijos da mãe amiga
Zuzu

EXCERTOS DAS "MINHAS CARTAS" PARA A MARTA


Massamá,4 de Junho de 1995
Minha Querida Marta
Faz hoje quatro meses que tu partiste.
Levei muito tempo a acordar e a levantar-me, porque não queria enfrentar a realidade do dia, depois por volta das 14 horas, resolvi levantar-me.
Não me apetecia fazer NADA. Sentia uma angústia e uma tristeza, dentro de mim, que se mantiveram e ainda se mantêm neste momento, meia-noite!.
O pai tenta dormir a meu lado e eu escrevo-te para te relatar o meu dia; Triste dia!... Não saí à rua. Estava um dia maravilhoso de Verão, o Sol brilhava intensamente, o céu estava azul e límpido, sem uma nuvem no céu. Não me apetecia sair, não me apetecia estar em casa, não me apetecia nada...
Depois do almoço, eu não almocei porque não tinha vontade, comi apenas uma meloa, resolvemos, o pai e eu, ir arrumar os teus livros e cadernos na arrecadação. Já há alguns dias, que eu trouxe um caixote enorme de cartão da rua e enchemo-lo com as tuas coisas, ficou tudo arrumado. (...).
Pude ver como os teus apontamentos estão organizados, muito limpos, tudo em ordem, como tu eras cuidadosa com os teus estudos!...
Quantas e quantas horas não perdeste ( ou ganhaste?) a passar tudo a limpo!...
Tanto que tu gostavas do teu curso! Como tu estavas feliz quando foste para Beja!... Que força malévola te empurrava para aí encontrares a morte?
Tu, trabalhadora e cuidadosa, andavas preocupada por não conseguires obter os resultados que merecias! Tanto que tu estudavas! Como eras empenhada e responsável!... Não posso pensar que tanto trabalho e esforço não te beneficiaram em nada, em duas horas tudo acabou para ti .... como não devo andar revoltada com a vida? Para que vale a pena viver e lutarmos?
Não, não somos nada, não valemos nada; tudo é efémero, a Morte é mais forte do que nós, do que tudo! ...
Cada dia que passa me sinto mais revoltada. A saudade IMENSA, que tenho dentro de mim, não me deixa ver a vida com um mínimo de optimismo. Tenho tantas saudades tuas!...
Onde irei arranjar forças para superar e enfrentar esta saudade, esta tristeza, esta angústia, que dia-a-dia cresce como  nuvens escuras empurradas pelo vento e que tornam todo o firmamento negro e ameaçador. Cada vez mais, se adensa a tempestade dentro de mim. A tristeza no meu coração negro, negro de dor e saudade, aumenta dia a dia.(...)
Vou ler um pouco para tentar acalmar esta angústia e esta tristeza.
Até amanhã.
Mil beijos da mãe que te adora     Zuzu

EXCERTOS DAS "MINHAS CARTAS" PARA A MARTA


Massamá, 3 de Junho de 1995

Minha querida Marta
Hoje, nos Brados do Alentejo saiu a notícia da tua morte.
Aqui está mais uma maneira de me despertar para a realidade.
Na verdade, bem preciso de que me convençam de que o que te aconteceu no fatídico dia 4 de Fevereiro é a REALIDADE.
A tua fotografia na página da necrologia é a prova evidente que tudo o que se passou não foi um pesadelo.
 Porquê?
Porquê a ti, minha querida e boa filha???
NÃO HÁ RESPOSTA ! ...
Mil Beijos da mãe
Zuzu

EXCERTOS DAS" MINHAS CARTAS" PARA A MARTA


Massamá,3 de Junho de 1995     (2 horas da manhã de Domingo!)

Minha querida Marta 

Passei quase todo o dia de Sábado a arquivar os teus desenhos e os desenhos feitos pela Rita.
Desenhos infantis cheios de amor e alegria, que vocês gostavam de oferecer ao pai, à mãe e aos avós. Procurei arrumá-los o melhor que pude, para poder vê-los quando me apetecer.
Aproveitei o dossier muito bonito que tu me ofereceste no dia dos meus anos para guardar os teus desenhos e as tuas cartinhas.
O pensamento voa-me para ti e não consigo escrever-te. Procuro concentrar-me, mas hoje é difícil. Cada dia que passa, tenho mais saudades tuas.
Quando estava no cabeleireiro, apareceu o Pedro, filho da D. Olívia, que é da tua idade (22 anos), morou sempre no nosso prédio da Rua das Camélias,  sempre cresceu junto de vocês, bem como outros  amigos do prédio.
Falou da tua simpatia e da maneira como ele se lembra de ti e da Rita, das brincadeiras na rua e de como todos eram amigos. Não consegui controlar-me e chorei; não queria chorar, mas a minha tristeza é maior do que a minha vontade. Como eu estou a sofrer!...(...)
O pai teve uma das suas enxaquecas, teve que tomar 2 comprimidos e estava muito abatido. Cada dia que passa, mais difícil é para ambos enfrentarmos a realidade.(...)
Muitos beijos da mãe amiga
Zuzu

EXCERTOS DAS "MINHAS CARTAS " PARA A MARTA


Massamá, 2 de Junho de 1995           (1h 20m)
Minha Querida Marta
Como foste sempre tão meiga e amiga de partilhar o imenso amor que tinhas dentro de ti!...
Tenho estado a ver os desenhos e as cartinhas que nos escrevias a mim e ao pai, quando eras pequenina. Desenhos cheios de ternura e que lembram a menina meiga e boa que tu eras e sempre foste.
Como não me apercebi quando nasceste, de que serias uma menina especial e que estarias tão pouco tempo  (apenas 21 anos! ) comigo? Porque não descobri que deveria ter-te acarinhado, amado e dado mais atenção em todos os momentos da tua vida? já que esta foi tão curta?
Lembro-me das longas conversas que tinhamos quando começaste a tua adolescência. Todas as noites, tu tinhas dúvidas, estavas triste, sentias-te perdida, desencontrada, dividida ... então eu procurava pôr as ideias mais organizadas na tua cabeça. Eu conversava muito contigo e tu ouvias, porque sempre soubeste ouvir!... Quantas e quantas noites, não me fui deitar já bastante tarde e muito cansada, porque os teus " problemas" de adolescente não tinham fim.
Hoje, que sei que nunca mais poderei falar contigo, revolto-me e fico irritada comigo por não te ter dado ainda uma maior atenção e mais carinho.  Tu sempre foste tão boa e meiga!... adoravas o pai, a mãe e a Rita ... éramos para ti, os seres mais importantes que te rodeavam ... Eu não podia adivinhar que seria tão passageira a tua vida aqui na Terra.
Amanhã, vou arrumar os teus cadernos, e outros materiais que trouxemos de Beja. Vamos guardar tudo na arrecadação, para que não se estraguem.
Os teus livros estão na tua estante do escritório, e ainda não tive coragem de lhes mexer. Como tu estimavas as tuas coisas! Como tratavas todas as tuas coisas pessoais com carinho e amor!... Os objectos mais insignificantes tinham para ti o mesmo valor de uma coisa importante... Amanhã vamos arrumar tudo, de modo a podermos vê-los quando nos apetecer…para vermos como tu, Marta eras tão organizada, tão trabalhadora e muito cumpridora das tuas obrigações.
Apetece-me chorar alto. O pai dorme a meu lado e eu queria chorar, chorar para aliviar esta dor imensa que me oprime. Como é possível ter-nos acontecido isto a nós? A ti, minha querida filha, tão boa, tão meiga, tão amorosa. Como eu tenho saudades tuas!... Como eu estou revoltada com esta vida horrível que me estava destinada!...
Até amanhã.
Muitos beijos da mãe  Zuzu

EXCERTOS DAS "MINHAS CARTAS" PARA A MARTA


Massamá,9 de Maio de 1995
Querida Marta
Hoje foi um dia triste. Fui com a Patrícia  ao funeral da Leonor.
Quatro meninas boas como tu, partiram para sempre. Como é possível que tal aconteça?!... Como Deus é tão cruel com meninas inocentes, verdadeiras, sinceras, meigas e amadas por todos aqueles que as rodearam?!
Tudo aconteceu na madrugada de Sábado para Domingo, pelas 3 horas da manhã, cinco meninas, amigas desde crianças, foram passar a noite juntas numa discoteca. Quando vinham para casa, o carro despistou-se e incendiou-se imediatamente, uma jovem foi cuspida do carro, as outras ficaram presas num inferno de chamas, não conseguiram sair e morreram carbonizadas.
A Leonor, tinha 18 anos, era boa e meiga, tinha muitos amigos, como tu, e era bonita. (...)
A mãe, a Beatriz estava inconsolável; tinha aquela expressão de incredulidade com que ficam aqueles que não acreditam no que lhes está a acontecer. É um pesadelo tão grande, tão brutal, tão terrível que pensamos, a todo o momento ir acordar dele e pensar de que tudo não passou de um pesadelo!... Mas, na verdade, tudo é real, tudo é verdadeiro, tudo se está a passar e a desenrolar-se perante nós.
Como compreendi tão bem o seu sofrimento! Como compreendi a angústia de não ter lágrimas para chorar; como é que estamos tão tristes, tão desgostosos e não temos lágrimas? porque acontece isso?!(…)
Cheguei a casa com uma dor de cabeça horrível. Tomei uma aspirina, mas o comprimido pouco ou nada me fez.(...)
Até amanhã
Muitos beijos da mãe  Zuzu

EXCERTOS DAS MINHAS CARTAS PARA A MARTA


8 de Maio de 1995
Querida Marta           

Passámos o fim de semana em Tavira com a Rita. Foi um fim de semana calmo e sossegado. No Domingo era Dia da Mãe, eu estava triste, mas ao mesmo tempo estava calma por estar com a tua irmã Rita, que faz um esforço para não nos decepcionar e procura ser meiga e receber os meus beijos, apesar de não se manifestar muito. Tu sabes como ela é. Não é muito de grandes efusões nem de grandes manifestações sentimentais, mas como sabe que eu não te tenho a ti, que me davas muitos beijos e muito carinho, ela procura receber os beijos e dar alguns em troca, mas como sabes não são muito espontâneas essas manifestações.
Cada dia que passa, sinto mais a tua falta!... Como gostarias de estar aqui connosco, em casa da Rita ... a casa é muito alegre, muito acolhedora. Tem muito Sol  e uma vista lindíssima para a Serra e para a Ria de Tavira. (...)
Hoje de manhã, fomos a Monte Gordo dar uma volta; estivemos numa esplanada na praia, que está povoada de velhos alemães e holandeses felizes com o Sol de Portugal. Depois fomos ver o apartamento do Dr. Borges, para onde costumávamos ir passar férias. Tu eras tão pequenina!... eras tão linda!... adoravas  a praia, o mar, o Sol, brincar com os outros meninos!...
A tua lembrança é constante dentro de mim, a tua presença física não se vê, mas eu sinto que tu nos acompanhas para onde quer que nós vamos, tu estás sempre connosco, apesar de não o dizermos uns aos outros.
A viagem de e para o Algarve torna-se muito maçadora e angustiante. Reparo no trajecto que tu tantas e tantas vezes fazias entre Lisboa/Beja e Beja/Lisboa, vejo todos os pormenores da estrada, todos os cafés, todos os locais que rodeiam a estrada e que foram vistos por ti, muitas e muitas vezes.
Por isso, quando ali passo, sinto que a tua presença é mais forte e mais sentida.
Agora, quando chegámos a casa, por volta das 21 horas, telefonou-me a Patrícia, tua prima, dizendo-me que tinha morrido a filha da Maria Beatriz, minha prima e amiga de infância.
Se houver Vida Eterna, tu estás com ela...
A filha da Beatriz chama-se Leonor, tem 18 anos, é uma menina bonita e boa como tu, também ela morreu brutalmente e de uma morte estúpida, como afinal é a morte, estúpida e horrível!
Teve um desastre na Marginal de Cascais, com mais quatro amigas, o carro despistou-se e morreram queimadas dentro do carro. Deve ter sido uma morte terrível, nem teve tempo para fugir à morte, como tu também não tiveste. Tanto que eu te dei força "Força, Marta! Não te deixes vencer pela Morte!... Força Marta, que tu és forte; Marta não te deixes ir porque a Mãe está Aqui!!!
Mas, o meu apelo não chegou até ti, os tentáculos da morte agarraram-te e levaram-te serenamente.
Penso que tu não te apercebeste que estava a chegar o teu fim, foi tão bruscamente, que não tiveste tempo de reagir à morte, e hoje eu estou destroçada e destruída.
A realidade é que para morrermos não precisamos de muito, basta a morte lembrar-se de nós, naquele momento. De ti, a morte lembrou-se tão cedo e eu não consegui afugentá-la!...
Penso no desgosto da Beatriz, no que ela está a sofrer, sinto que deveria estar junto dela para lhe dar um pouco do meu conhecimento de Mãe Sofredora, de Mãe que perdeu uma filha linda, boa, meiga, e que não sabe ainda como reagir à dor.
É tão fácil dizermos aos outros que compreendemos a sua dor; é tão fácil dizermos que avaliamos a sua dor, mas, na verdade, a dor é tão grande, tão grande que só quem passa por uma situação igual é que poderá avaliar o que a outra mãe está a sofrer.
Nunca pensei que se pudesse sofrer tanto, que a angústia e a tristeza fossem minhas companheiras diárias, eu que tanto gostava de rir, de falar, de conviver, hoje convivo com a tristeza, contigo dentro de mim e nada mais me interessa.
Vou dormir, ou melhor, tentar dormir!...
Amanhã de manhã vou acompanhar a minha amiga e procurar dar-lhe um pouco de conforto.
Devia ter-se uma idade para morrer; devia ser proibido morrer-se jovem, com vontade de viver e com muita força de vencer na vida, só se deveria morrer quando tivéssemos a nossa missão cumprida. Tu não pudeste concluir a tua e agora eu choro por saber que tenho que levar o resto da minha existência cheia de tristeza e muita saudade de ti, minha pequenina, minha "castanha", meu amor da mãe.
Beijos da mãe Zuzu

EXCERTOS DAS "MINHAS CARTAS" PARA A MARTA

Diário nº1
28 de Abril de 1995 - Sexta-feira ,19h 45m

A Espera...
Para quê esperar? Sei que não vens.
Virá a tua irmã, a tua amiga
Tu não aparecerás...
Afinal eu não estou à tua espera!...
Tu estás sempre dentro de mim.
Sinto-te, presença suave e calma
Presença atribulada e conflituosa...
Durante nove meses esperei que te tornasses gente para que conhecesses o Mundo.
Alimentei-te com o meu sangue, senti-te mexer e remexer...
Andava angustiada porque mostravas pressa  de te libertares de mim.
Então, o médico ajudou com injecções e injecções, todos os dias levava duas!...
Andava com medo de te perder.
Sentia que trazia dentro de mim uma "coisinha”,  que iria ser muito importante para todos.
O teu nascimento foi tão doloroso ... penso que foi para nós as duas!...
O teu esforço foi tão grande que tiveste que ficar durante 12 horas, na incubadora, mas tu eras forte e conseguiste ultrapassar os teus primeiros momentos de vida.
Como eras linda! Eras uma bébé perfeita e bonita ...
Não quis amamentar-te, pois tive medo de ter outra mastite, hoje estou arrependida. Gostaria de te ter alimentado com o meu leite, durante os teus primeiros meses de vida, quem sabe se não terias mais resistências.
Como tu eras saudável! Nunca estavas doente! Estavas sempre pronta a comer!... Sorrias constantemente, eras feliz e todos estávamos felizes por termos mais uma " coisinha fofa" em casa.
Sabes? Hoje, a tua presença dentro de mim é tão forte, que te sinto dentro do meu coração.
Minha querida! Como é possível durante 24 horas sentir que estás sempre comigo?!
A tua falta é enorme. Quando o vento sopra, de mansinho nas folhas das árvores, eu penso como tu o gostavas de sentir.
Quando o Sol é forte e transpiro dentro do carro, lembro-me de quanto tu eras encalorada e ficavas vermelha com o calor!
Estou à espera da Rita. Telefonei para onde ela está, afinal ainda está na consulta!... Como ela tem sofrido, sem querer mostrar o seu sofrimento!
Sabes? Ela esforça-se para mostrar uma força interior muito grande, uma vontade de viver  mesmo sem ti, mas eu sinto, com o meu coração de mãe, que ela está a fazer um esforço grande de mais...