Massamá,6
de Junho de 1995 (2h 56m da
madrugada)
Minha
querida Marta
Só
agora te estou a escrever, pois estive a escrever a duas amigas minhas.
Uma
é a Rosa Maria, minha colega e amiga de adolescência., que desde há 25 anos não
nos tínhamos escrito nem voltado a comunicar. Foi preciso acontecer esta
tragédia para que a nossa amizade se reatasse. (...) . É bom sabermos que os
amigos estão connosco nestas horas difíceis.
A
outra amiga, é a Beatriz, a mãe da Leonor, que te foi fazer companhia há um
mês; será que vocês estão no Paraíso e se encontraram? Também ela era boa,
meiga, simpática para todos e também ela encontrou a morte da maneira mais
horrorosa e brutal!...
Será
verdade que a tua alma está viva? Que tu estás no Paraíso?
Não,
eu não acredito, tu estás a viver
através de mim, dentro de mim, respiras por mim e vês o mundo comigo, pois tu
estás presente em mim desde que partiste. Tu dás comigo as minhas aulas, tu
ajudas-me a enfrentar os momentos difíceis que eu tenho, por isso tu estás
sempre presente.
Hoje
o dia correu-me bem, fui para as aulas sem vontade nenhuma, mas depois de lá
estar, senti-me melhor e o dia correu
dentro da normalidade.(...)
De
manhã, não tenho nunca vontade de acordar nem de me levantar. É com um esforço
enorme que me levanto e me preparo para ir para as aulas. Penso tantas vezes em
ti, que nunca tinhas preguiça para te levantares, que estavas sempre pronta às
sete horas da manhã para ires apanhar o comboio que te levava para as tuas
aulas, na Escola da Paiã! e afinal tanto sacrifício para quê?
Tudo
acabou tão rapidamente para ti, meu amor, minha pequenina...
Vou
tentar dormir, não tenho sono, mas amanhã tenho que ir para a escola mais cedo.
Muitos
beijos da mãe amiga
Zuzu
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