Diário nº1
28 de Abril de 1995 - Sexta-feira ,19h
45m
A
Espera...
Para
quê esperar? Sei que não vens.
Virá
a tua irmã, a tua amiga
Tu
não aparecerás...
Afinal
eu não estou à tua espera!...
Tu
estás sempre dentro de mim.
Sinto-te,
presença suave e calma
Presença
atribulada e conflituosa...
Durante
nove meses esperei que te tornasses gente para que conhecesses o Mundo.
Alimentei-te
com o meu sangue, senti-te mexer e remexer...
Andava
angustiada porque mostravas pressa de te
libertares de mim.
Então,
o médico ajudou com injecções e injecções, todos os dias levava duas!...
Andava
com medo de te perder.
Sentia
que trazia dentro de mim uma "coisinha”,
que iria ser muito importante para todos.
O
teu nascimento foi tão doloroso ... penso que foi para nós as duas!...
O
teu esforço foi tão grande que tiveste que ficar durante 12 horas, na
incubadora, mas tu eras forte e conseguiste ultrapassar os teus primeiros
momentos de vida.
Como
eras linda! Eras uma bébé perfeita e bonita ...
Não
quis amamentar-te, pois tive medo de ter outra mastite, hoje estou arrependida.
Gostaria de te ter alimentado com o meu leite, durante os teus primeiros meses
de vida, quem sabe se não terias mais resistências.
Como
tu eras saudável! Nunca estavas doente! Estavas sempre pronta a comer!...
Sorrias constantemente, eras feliz e todos estávamos felizes por termos mais
uma " coisinha fofa" em casa.
Sabes?
Hoje, a tua presença dentro de mim é tão forte, que te sinto dentro do meu
coração.
Minha
querida! Como é possível durante 24 horas sentir que estás sempre comigo?!
A
tua falta é enorme. Quando o vento sopra, de mansinho nas folhas das árvores,
eu penso como tu o gostavas de sentir.
Quando
o Sol é forte e transpiro dentro do carro, lembro-me de quanto tu eras
encalorada e ficavas vermelha com o calor!
Estou
à espera da Rita. Telefonei para onde ela está, afinal ainda está na
consulta!... Como ela tem sofrido, sem querer mostrar o seu sofrimento!
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