MARTA

MARTA
O ADEUS PRECOCE DA MINHA ESTRELA MAIOR

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

EXCERTOS DAS "MINHAS CARTAS" PARA A MARTA


Massamá,9 de Maio de 1995
Querida Marta
Hoje foi um dia triste. Fui com a Patrícia  ao funeral da Leonor.
Quatro meninas boas como tu, partiram para sempre. Como é possível que tal aconteça?!... Como Deus é tão cruel com meninas inocentes, verdadeiras, sinceras, meigas e amadas por todos aqueles que as rodearam?!
Tudo aconteceu na madrugada de Sábado para Domingo, pelas 3 horas da manhã, cinco meninas, amigas desde crianças, foram passar a noite juntas numa discoteca. Quando vinham para casa, o carro despistou-se e incendiou-se imediatamente, uma jovem foi cuspida do carro, as outras ficaram presas num inferno de chamas, não conseguiram sair e morreram carbonizadas.
A Leonor, tinha 18 anos, era boa e meiga, tinha muitos amigos, como tu, e era bonita. (...)
A mãe, a Beatriz estava inconsolável; tinha aquela expressão de incredulidade com que ficam aqueles que não acreditam no que lhes está a acontecer. É um pesadelo tão grande, tão brutal, tão terrível que pensamos, a todo o momento ir acordar dele e pensar de que tudo não passou de um pesadelo!... Mas, na verdade, tudo é real, tudo é verdadeiro, tudo se está a passar e a desenrolar-se perante nós.
Como compreendi tão bem o seu sofrimento! Como compreendi a angústia de não ter lágrimas para chorar; como é que estamos tão tristes, tão desgostosos e não temos lágrimas? porque acontece isso?!(…)
Cheguei a casa com uma dor de cabeça horrível. Tomei uma aspirina, mas o comprimido pouco ou nada me fez.(...)
Até amanhã
Muitos beijos da mãe  Zuzu

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