Massamá,9
de Maio de 1995
Querida
Marta
Hoje
foi um dia triste. Fui com a Patrícia ao
funeral da Leonor.
Quatro
meninas boas como tu, partiram para sempre. Como é possível que tal
aconteça?!... Como Deus é tão cruel com meninas inocentes, verdadeiras,
sinceras, meigas e amadas por todos aqueles que as rodearam?!
Tudo
aconteceu na madrugada de Sábado para Domingo, pelas 3 horas da manhã, cinco
meninas, amigas desde crianças, foram passar a noite juntas numa discoteca.
Quando vinham para casa, o carro despistou-se e incendiou-se imediatamente, uma
jovem foi cuspida do carro, as outras ficaram presas num inferno de chamas, não
conseguiram sair e morreram carbonizadas.
A
Leonor, tinha 18 anos, era boa e meiga, tinha muitos amigos, como tu, e era
bonita. (...)
A
mãe, a Beatriz estava inconsolável; tinha aquela expressão de incredulidade com
que ficam aqueles que não acreditam no que lhes está a acontecer. É um pesadelo
tão grande, tão brutal, tão terrível que pensamos, a todo o momento ir acordar
dele e pensar de que tudo não passou de um pesadelo!... Mas, na verdade, tudo é
real, tudo é verdadeiro, tudo se está a passar e a desenrolar-se perante nós.
Como
compreendi tão bem o seu sofrimento! Como compreendi a angústia de não ter
lágrimas para chorar; como é que estamos tão tristes, tão desgostosos e não
temos lágrimas? porque acontece isso?!(…)
Cheguei
a casa com uma dor de cabeça horrível. Tomei uma aspirina, mas o comprimido
pouco ou nada me fez.(...)
Até
amanhã
Muitos
beijos da mãe Zuzu
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