MARTA

MARTA
O ADEUS PRECOCE DA MINHA ESTRELA MAIOR

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A TERNURA DA MARTA

Rita e Marta 1993

Desde muito pequena, que a Marta nos demonstrava, em qualquer momento, o seu carinho, o seu amor e a sua ternura. Gostava muito de se agarrar a nós, abraçando-nos e dando-nos beijos em constantes  manifestações de ternura . Nem sempre nós, os adultos estávamos dispostos a receber tantas manifestações de carinho e por vezes afastávamo-la e "rejeitávamos" esses abraços e beijos, pois nem sempre estes eram dados nos momentos mais oportunos.
Sempre foi muito sensível e muito meiga e adorava sentar-se junto de nós para que lhe fizéssemos "festinhas" e lhe déssemos beijinhos. Ela e a Rita sentavam-se no sofá grande da sala muito encostadas uma à outra, enquanto viam televisão ou ouviam música, pois sempre se sentiram muito bem, próximas e juntas. Levavam horas a mexer nos cabelos uma da outra. Estas manifestações de carinho revelam bem o grande amor e a grande ternura que sempre ligou as duas irmãs.
A sua grande sensibilidade e a sua meiguice originavam-lhe, por vezes, grandes decepções e dissabores, pois uma palavra mais agressiva ou um gesto mais brusco da nossa parte, eram suficientes para lhe provocarem um "grande desgosto" e, algumas vezes, tinha grandes manifestações de choro e de tristeza deitada em cima da cama, onde se refugiava..
A adolescência da Marta, devido ao seu carácter sensível e meigo, foi vivida com algumas manifestações de tristeza e, às vezes, eu como mãe, sentia-me bastante confusa e impotente para poder resolver tantos conflitos interiores e tantos "desgostos" de adolescente. À hora de deitar, passávamos as duas, longos momentos de conversa para tentarmos "solucionar" esses "problemas" que tanto perturbavam a Marta. Sempre houve entre mim e a Marta uma grande ligação afectiva e apesar de muitas vezes nos aborrecermos e nos chocarmos, dando ocasião a algumas "discussões"  e a pequenos conflitos, estes eram facilmente resolvidos, pois tanto a Marta como eu, nunca conseguimos arrastar por muito tempo uma situação desagradável.
Marta na Lagoa Azul 10 anos
Nas vésperas de Natal de 1984, tinha a Marta 10 anos, tivemos uma "briga", já   não sei precisar qual o motivo, mas sei que nessa  noite, escrevi no meu diário o seguinte:
                                
                    Natal de 1984
            Querida Marta
Hoje fui má! Dentro de mim há um bichinho que me faz má! Sem querer ofendi-te! Sem me aperceber que te estava a magoar, fui dizendo palavras que te feriram e magoaram, depois não tive coragem suficiente para dizer que tinha errado. Não fui capaz de te dizer que nós mães também erramos e que somos "duras" sem razão.
Tinhas um cartão para me ofereceres, onde tinhas escrito aquilo que o teu coração sincero tem lá dentro; zangada foste rasgá-lo!
Eu não merecia as tuas palavras lindas, lindas e belas, porque eu fui má!
Quando fui ao teu quarto, vi bocadinhos de papel, todos amarrotados, todos rasgados como estava o teu coração de menina boa e meiga. Juntei bocadinho a bocadinho e encontrei a melhor prenda de Natal, que até hoje tivera...

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