MARTA

MARTA
O ADEUS PRECOCE DA MINHA ESTRELA MAIOR

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O ANIVERSÁRIO 21 ANOS

Dia 21 de Jan 95


A Marta pediu-me que não fizesse nada para os anos dela. Estava muito triste e não lhe apetecia fingir que tudo estava bem. Pediu-me que não lhe fizesse bolo de aniversário, almoçámos e depois de almoço, apareceu a Sara, amiga da Rita. Estivemos todos a conversar sentados à lareira, a avó Amélia estava connosco e também ela sentiu como a Marta estava triste e desgostosa. Pusemos a mesa para o lanche, lanchámos e por volta das 6 horas da tarde, telefonou o Zé Manuel Almeida dizendo-nos que o pai, o tio Zé Manuel, tinha dado entrada nas urgências do Hospital do Barreiro com um enfarte do miocárdio. Ficámos muito preocupados, pois a sua situação clínica parecia grave. Decidimos ir imediatamente para o Barreiro. A Marta , a Rita e a Sara foram para um café aqui perto de casa. Lembro-me de ter dito à Marta: "Oh, Marta, não vamos poder continuar o lanche dos teus anos, porque temos que ir fazer companhia à tia Maria José!... Além disso, temos ainda muitos anos para festejarmos os teus anos!..." . A Marta olhou-me com uns olhos muito tristes e disse-me:
" Não faz mal, nós vamos um bocado ao café e depois vimos para casa, não te preocupes!..."
Chegámos bastante tarde do Barreiro. A Marta e a Rita esperavam-nos sentadas no sofá da sala, muito juntinhas uma à outra. Sempre gostaram deste modo de  se sentarem, ou melhor, deitarem,  ficando aí “enroscadas” durante bastante tempo. Tinham ido buscar um filme de vídeo, tinham-no visto e agora conversavam uma com a outra.
Desde esse dia, a Rita nunca mais esteve com a Marta. Telefonaram-se durante os quinze dias que se seguiram, mas nunca mais se viram.
Durante a semana que passou, falei muitas vezes com a Marta. Estava combinado fazer-se a matança do porco, em Amareleja, no fim de semana, dia 28. Quando falávamos ao telefone, a Marta insistia comigo para que eu fosse com o pai à matança, pois ela também iria lá ter. Eu dizia-lhe que não ia pois não gostava de matanças e que sempre me fizera muita impressão ver tanta carne. A Marta voltava a insistir e eu voltava a dizer-lhe que não ia. Hoje, tenho pena  por não lhe ter feito a vontade, ainda ouço a sua voz ao telefone, muito meiga e doce, pedindo-me para que eu fosse.
Não fui. A Marta chegou sábado a Amareleja, vinha bem disposta e de boa saúde. Ajudou na matança, trabalhou imenso, e esteve sempre muito bem, com toda a sua genica e força.
O avô Vitalino também lá estava e a imagem, que guarda na sua memória, é a da Marta a correr pelo quintal fora, com os cabelos compridos levados pelo vento, para ir telefonar ao matanceiro, pois este estava a demorar-se. A Marta sempre foi uma pessoa muito activa, sempre pronta ajudar e a resolver as situações mais diversas que se  deparavam. Depois do jantar, fez um chá de limão para o avô Vitalino beber, pois este queixou-se que se sentia constipado e ela foi logo, muito resoluta, fazer-lhe um chá. Br Ajudou o Rodriguinho nos trabalhos da escola e brincou com o André, sempre teve muita paciência para os primos e adorava-os.
Falei-lhe nessa noite para a Amareleja, estava bem disposta e pensava ir na camioneta de Domingo das oito horas da manhã para Beja, pois tinha que aproveitar para estudar e descansar um pouco.

1 comentário:

  1. A minha certeza fica aqui com estas palavras de que realmente a Zuzu é uma grande Mulher!Abraço amigo.

    ResponderEliminar