MARTA

MARTA
O ADEUS PRECOCE DA MINHA ESTRELA MAIOR

domingo, 13 de fevereiro de 2011

DEPOIS DA LENA LER O MANUSCRITO

Termas de Cabeço de Vide, 8 de Agosto de 1999

MARTA, FÉRIAS EM AMARELEJA
AGOSTO 1990

QUERIDA ZUZU
Li sofregamente o manuscrito do livro sobre a Marta. Fiquei muito contente por conhecê-la melhor. 
Quando a Elsa me deu a notícia da morte da Marta, ao telefone, fiquei muito angustiada e nervosa. Estava só com o Tomás ( ainda Bébé) em casa e enquanto me corriam as lágrimas repetia: “ Que horror! Que horror! Não acredito! “ E cá no fundo ficou a tristeza e a frustração por eu não ter conhecido melhor aquela bébé sorridente e simpática, que eu tanto amei e durante meses dei beijinhos na sua fotografia porque sentia saudades dela. E também a frustração de ela não Ter sequer conhecido o meu primeiro filho. Ele nunca iria ver a prima Marta!
Foi também muito doloroso, mas ao mesmo tempo gratificante para mim, ler a parte sobre o último ano da vida da Marta. Porque agora fiquei a conhecer melhor tudo o que se passou e como se passou - A VERDADE.
Peço-te desculpa por não ter conseguido ler as tuas cartas, porque têm um tal peso de dor, que me é insuportável. Não estou no melhor ambiente para dar largas à minha sensibilidade exacerbada. A última parte já teve que ser lida na casa de banho entre lágrimas mudas.
Eu sei que a ti, na tua dor lancinante de todos os dias, viveres a realidade, te vai parecer mais uma vez uma atitude egoísta, mas em toda a minha vida nunca consegui reagir de outro modo às coisas e não é agora em “ velha” que me vou modificar.
Custa-me, porém, falar-te na minha dor pela Marta, pois ela deve parecer-te uma brincadeira ao pé da tua dor de Mãe.
Quero que saibas que te admiro muito pela tua coragem, a coragem com que enfrentas cada dia e a maneira como consegues sempre conversar e ser simpática para os outros com as tuas sonoras gargalhadas contagiantes.
Sei que nunca vou poder ajudá-los, mas acho que um pensamento bom para vocês é o facto de terem tido um privilégio que eu quase não tive - conhecer e conviver com uma pessoa tão fantástica e insubstituível como a Marta.
Escrevi-te porque estou muito comovida e não consigo ir lá para fora, nem me apetece. Por isso, aqui enclausurada na cozinha, escrevo-te aquilo que te queria dizer.
A tua prima sempre amiga
Lena Varela

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