MARTA

MARTA
O ADEUS PRECOCE DA MINHA ESTRELA MAIOR

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

MARTA - FUMADORA

MARTA - FESTA DA ESCOLA D. DINIS - PAIÃ
12  DEZEMBRO 1990
 Soube, mais tarde, pela Rita e pelo Paulo, que a Marta fumava bastante, desde muito nova. 
Durante todo este tempo, ela conseguiu esconder-nos o hábito de fumar! O que mais me admira é que ela e a Rita nos reprovavam imenso quando eu e o pai fumávamos, sentiam-se muito incomodadas com o fumo!
Calculo o motivo por que a Marta escondia de mim o hábito de fumar, tem a ver com uma discussão que nós tivemos quando ela frequentava o 8º ano e era muito amiga da Clara.
Um dia, já ela estava deitada, pronta para dormir, precisei de uma esferográfica e como não encontrasse nenhuma, fui à sua pasta da escola buscar uma, aí encontrei um maço de cigarros e um isqueiro.
Fiquei desesperada! Ela era muito nova para começar a fumar! Perguntei-lhe se ela fumava e desde há quanto tempo? Disse-me que não, que os cigarros eram da Clara, que esta os deixava na mala dela, para que a mãe não soubesse. Depois de muito conversarmos sobre o vício do tabaco e outros vícios, fiquei mais descansada, mas não muito convencida!
No dia seguinte, perguntei à Clara de quem eram os cigarros e esta disse-me que eram dela, que os dava à Marta para guardar todos os dias, antes de ir para casa. Repeti à Clara toda a conversa sobre os malefícios do tabaco e acreditei nelas. A Marta nunca chegava a casa a cheirar a tabaco e por isso comecei a acreditar que a discussão tinha dado os seus frutos!
Afinal, como andei enganada estes anos todos! Nunca vi a Marta fumar, e algumas vezes conversávamos sobre os perigos do tabaco e ela concordava comigo. Este episódio vem confirmar uma característica do temperamento da Marta. Como me tinha dito que não fumava, escondeu-o sempre de mim, pois ela sabia que me estava a "omitir" uma coisa que me havia garantido não fazer.
Ela sabia que depois de crescida, podia dizer-me que fumava e que eu iria respeitar a sua decisão. Há certas atitudes do ser humano que nos deixam desconcertados, esta é uma delas! Porquê esconder um vício durante tantos anos?
Quando mostrei a minha indignação à sua amiga Patrícia Lança, dizendo que não percebia a razão da atitude da Marta, ela contou-me, que a Marta sempre me quis esconder que fumava. Então, todos os dias, quando o comboio se começava a aproximar da estação de Massamá, ela seguia um autêntico ritual. Tinha uma bolsinha de pano para um penso higiénico, que eu lhe comprara, para usar na mala, para uma emergência. Aí, junto ao penso, colocava o maço de cigarros e o isqueiro. Trazia sempre um frasquinho de perfume, e colocava umas gotinhas atrás das orelhas e no pescoço Depois metia na boca um bocadinho de pastilha elástica, para quando chegasse a casa ainda viesse a mastigar e depois chegava-se perto da Patrícia ou da Aires e perguntava-lhes: - “ Cheiro bem? Não cheiro a nada, pois não?” e  quando acabava de fazer tudo isto, o comboio parava na estação. Elas achavam imensa graça a tudo aquilo e fartavam-se de rir. Para elas era engraçadíssimo a atitude repetida e constante da Marta, que não havia um dia que não a realizasse!!!

1 comentário:

  1. A Patrícia descreveu na perfeição o ritual da Marta.
    Neste momento fizeram-me recuar 21 anos e lá estavamos nós as 3 na estação de comboios de Benfica.

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