MARTA

MARTA
O ADEUS PRECOCE DA MINHA ESTRELA MAIOR

sábado, 5 de fevereiro de 2011

OS AMIGOS DO PRÉDIO DA RUA DAS CAMÉLIAS

Algum tempo depois de morarmos em Massamá, fizemos amizade com os nossos vizinhos do mesmo patamar. 
A Vina, o Américo, o Paulo e a Sandra (da idade da Rita) foram, durante os 14 anos que ali morámos,  os Amigos, aqueles amigos com quem sempre nos sentimos bem e com os quais passámos momentos inesquecíveis, muito bons, muito divertidos e muito bem dispostos. 
Ainda hoje, a amizade continua, mas o facto de não morarmos tão perto e as vicissitudes da vida deram origem a um certo afastamento.
            No nosso prédio, viviam também os Teixeiras, compadres da Vina e do Américo,  com quem fizemos uma grande amizade. 
O João e a Conceição Teixeira eram os pais  da Nani, da Vera (da idade da Rita) e do João Pedro e também com eles passámos momentos muito divertidos e bons.
            Com todos estes amigos ao pé da porta, a Rita e a Marta nunca se sentiam sós. Este convívio saudável e fraterno contribuiu muito para o seu desenvolvimento harmonioso e saudável. Sempre  adoraram conviver com  pessoas de família e amigos e  sempre prezaram  e respeitaram a amizade.

Os passeios que demos juntos à Serra da Estrela e as férias de Verão, passados no Algarve, na Ericeira, na Costa da Caparica são sempre recordados com imensa saudade.
            Como durante muito tempo não tivemos televisão a cores, era em casa da Vina e do Américo que nos juntávamos para vermos as transmissões mais interessantes na época; os Festivais da Eurovisão ou os Jogos sem Fronteiras eram programas que nos "obrigavam" a um serão em casa deles. Esses serões eram uma festa para os miúdos, pois assim, prolongavam as brincadeiras que tinham tido durante o dia.
            A Marta era a mais pequenina, mas todos se davam tão bem que nunca havia um desentendimento entre eles, tanto a Rita e como a Marta adoravam esses serões de convívio e brincadeira.
             Com a independência de Angola em 1975 e o começo da Guerra Civil naquele país, os pais e os irmãos da Vina tiveram que regressar a Portugal.
O Artur Manuel, o Necas, o irmão mais novo da Vina, na altura com 20 anos, dedicava horas a brincar com os miúdos e por isso se tornou  o seu melhor amigo, com quem brincavam, faziam jogos, concursos de canções e outras actividades que os deixavam felizes e muito bem dispostos. Nestas brincadeiras também colaborava a Isa, irmã da Vina, solteira,  estudante universitária. A Isa, com os seus 25anos, tinha um jeito muito especial para lidar com os miúdos, proporcionava serões divertidíssimos ao Paulo, à Sandra, à Nani, à Vera, ao João Pedro, à Rita e à Marta, sempre a mascote do grupo.
Foi uma época muito feliz e muito importante para o seu desenvolvimento cognitivo e socio-afectivo. Tanto o Necas como a Isa serviam de baby-sitter, pois os miúdos adoravam ficar com eles, enquanto nós, os adultos, aproveitávamos para ir ao cinema, ao teatro ou outros espectáculos que naquela altura apareciam em Lisboa.
Este clima de felicidade e boa disposição acabou bruscamente no dia 3 de Agosto de 1980, com a morte do Necas num brutal acidente de viação, quando regressavam todos de férias no Algarve, onde morreu também o Luís Manuel, filho do José Guilherme (irmão da Vina) e da Teresinha, e ficaram gravemente feridos o João Carlos, filho do Tó( irmão da Vina) e da Cândida e o Pedro e a Susana, irmãos do Luís Manuel, por isso, todos pertenciam à família Fernandes. 
A partir dessa data, nada foi igual a antes do acidente e a Rita e a Marta sentiram muito a morte do nosso querido amigo Necas. Com a morte do Necas A Rita com 10 anos e a Marta com 6 anos, confrontaram-se pela primeira vez, com a triste realidade de perderem um amigo, um amigo muito especial.

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