Depois de ter conhecimento da doença, eu pensava muitas vezes que esta poderia ter tido origem naquela queda da cave, quando a Marta tinha cerca de quatro anos de idade.
Quando interpelava os médicos sobre esta minha dúvida, nenhum me respondia concretamente. A partir da descoberta da doença, a Marta, tinha 9 anos, começou a ser vigiada pelos médicos que a aconselharam a ter alguns cuidados, como não dar mergulhos na água do mar ou piscinas, não praticar exercício físico, não andar a cavalo, ter uma postura correcta, entre outras recomendações.
O saber que tinha esta doença criou na Marta algum nervosismo e ansiedade, pois além de a impedir de praticar certos desportos, o médico disse-lhe, que por volta dos vinte anos teria que ser operada à coluna. Penso que essa informação do médico foi prejudicial para a Marta, ele podia ter-lho omitido, pois a Marta era uma criança muito corajosa, nunca se queixava, mas eu sei que muitas vezes ela pensava nessa operação e que isso lhe causava grande apreensão e muita angústia.
Na Escola Preparatória, nunca pôde praticar Educação Física, por isso, todos os anos, se apresentava um atestado médico comprovativo da doença. Para a Marta assistir a essas aulas era um suplício, pois ela adorava praticar desporto e tinha que estar presente na aula porque senão tinha falta. Além disso, nos 2 anos do ciclo, era obrigatório fazer testes escritos sobre as diferentes modalidades que faziam parte da disciplina de Educação Física, obrigando-a a estudar a parte teórica, quando ela sabia que nunca poderia praticar as modalidades.
Alguns professores não compreendiam muito bem a razão do atestado médico e "davam-lhe certas indirectas" que magoavam profundamente a Marta, de tal modo que chegava a casa a chorar e bastante revoltada com a situação.
Procurei pôr sempre as Directoras de Turma ao corrente do que se passava, mas mesmo assim, aconteceram certas situações muito penosas para a Marta.
Os professores punham-na a apitar os jogos, a vigiar os colegas e outras coisas do género, que ela detestava fazer. Durante todo o seu percurso escolar, a Marta teve que "conviver" com este problema, que eu sempre procurei minimizar, para não a traumatizar, nem preocupar.
O seu desenvolvimento físico foi muito bom, bem como o seu crescimento que foi normal para a idade; tinha um aspecto saudável e carregava a mochila cheia de livros, sem um queixume, na longa distancia que ia da escola à nossa casa e vice-versa.
Quando a Marta ia à consulta de um novo médico e eu dizia ao médico que ela sofria de Espondilolistese, este olhava-me com um ar incrédulo e frisava-me bem a sua dúvida, pois o aspecto saudável da Marta nada fazia prever que ela tinha aquela doença. Quando via as radiografias concordava comigo, e alertava a Marta para ter certos cuidados.
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